Dívidas: Como sair desta fria?

Está preocupado com as dívidas? E que tal se preparar para sair desta fria? Primeiro, vamos entender o contexto das dívidas e como você foi parar nele ou está a caminho. Continue a leitura!

A real. Sabe aquele desânimo que surge quando você se dá conta de que está começando o ano já endividado? A dívida é uma realidade do cotidiano da maioria das famílias brasileiras. O comportamento de consumo do brasileiro demonstra que grande parte das famílias abre a porta da frente para convidar o hóspede “dívidas” para dentro de casa.

De acordo com a pesquisa da OECD em 2021, o brasileiro acumulou em dívidas um valor real que representa por volta de 52% de sua renda anual. É claro que o endividamento não é exclusividade do brasileiro, mas presente em quase todos, senão em todos, os povos. Por exemplo, neste mesmo estudo da OECD, consta que na Suíça a dívida acumulada do cidadão chega a representar mais de 220% de sua renda anual!

 Me engana que eu gosto!!! Você está endividado e ao terminar de ler este primeiro parágrafo ficou mais tranquilo, porque chegou à conclusão ERRADA de que sua situação não está pior do que a do seu xará lá na Suíça. Por que esta conclusão está tão errada?

Falta uma informação muito importante no contexto do primeiro parágrafo que é a seguinte: quando o brasileiro abre a porta da frente para as dívidas, as dívidas entram de mãos dadas com outros visitantes não convidados, os JUROS ALTOS!

Na questão de juros, o Brasil está numa categoria bem diferente da Suíça. Enquanto a Suíça tem a menor taxa de juros em empréstimos do mundo, o Brasil tem a quarta maior taxa de juros do mundo!!! De acordo com o Banco Mundial, os juros no Brasil em 2020 foram de 29,04%.

 A urgência? A dívida sempre é uma hipoteca do futuro! A dívida exige de você tempo e recursos, hoje e amanhã. A pandemia do COVID-19 nos mostrou quão frágil é a situação quando você não tem uma reserva. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, em dezembro de 2021 o Brasil chegou a 76,3% das famílias endividadas. O ano de 2021 registrou o maior patamar dos últimos 11 anos.

Você faz parte desta estatística?

Retomando o futuro! O que acha de eliminar as dívidas da sua vida e espantar o desânimo para longe de sua casa? Em seguida, vou apresentar um cenário normal de pagamento mensal de parcelas e comparar com duas estratégias testadas e comprovadas para eliminar dívidas: “bola de neve” e “avalanche”.

 

Estratégias para eliminar as dívidas e sair desta fria

Vamos para um exemplo! Imagine que você está com três dívidas conforme tabela abaixo:

Incomoda pensar que no final de quatro anos você terá pago quase R$19 mil só de juros? E se você conseguisse reduzir o tempo de endividamento de 48 meses para 17 meses e de R$19.000 para R$11.000, te interessa?

O poder da estratégia!!! As duas estratégias de eliminar dívidas a seguir são muito simples de implementar. O maior desafio é a disciplina de seguir a metodologia até a conclusão. A boa notícia é que a conclusão será bem antes dos 48 meses que irá demorar se você seguir o tradicional pagamento mensal de parcela.

Existem basicamente quatro passos a serem seguidos para implementar tanto a estratégia “bola de neve” como a estratégia “avalanche”. Os quatro passos são:

  1. Pague a parcela mensal de cada dívida.
  2. Defina um valor mensal adicional para dívidas.
  3. Faça a priorização das dívidas.
  4. Use dinheiro de dívidas para dívidas.

 Agora vamos entender como estes passos são aplicados nas duas estratégias recomendadas.

 Bola de Neve

Este nome surge no EUA, inspirado na prática de fazer bolas de neve. Na neve você começa com uma pequena bola e na medida que vai rolando a bola, ela vai acumulando mais neve e ficando cada vez maior.

No pagamento de dívidas, a ideia é que você começa com um valor pequeno para quitar dívidas e, na medida que vai quitando as dívidas, o valor disponível para aplicar na próxima dívida aumenta. Neste caso, a “bola de neve” é o valor que você tem disponível para aplicar em dívidas.

Aplicando esta técnica para as dívidas, a ideia é que você escolha primeiro a menor dívida. No nosso exemplo acima, seria o empréstimo pessoal no valor de R$4.500. Então você irá pagar todas as três parcelas mensais de dívidas e, além disto, pagar um valor mensal adicional de R$300 no empréstimo pessoal.

Quando terminar de pagar o empréstimo pessoal, você irá aplicar o valor da parcela mensal do empréstimo pessoal mais o valor mensal adicional à próxima menor dívida, assim aumentando o valor (bola de neve) que você tem disponível para aplicar em dívidas.

No exemplo acima, a próxima menor dívida será a dívida de cartão de crédito. Então você passará a pagar a parcela mensal do cartão de crédito mais a sua “bola de neve”.

Finalmente, após quitar a dívida do cartão de crédito, você irá aplicar todos os valores em cima do financiamento do carro. Então você passará a pagar a parcela mensal do carro mais a sua bola de neve que cresceu ainda mais com os valores do empréstimo pessoal, cartão de crédito e valor mensal adicional.

O resultado desta estratégia pode ser visto em comparação com a abordagem tradicional de pagar a parcela mensal na tabela abaixo:

A conclusão da estratégia “bola de neve” é uma redução de 48 meses para 18 meses de dívida e uma economia de R$5.596,68!!!

Avalanche

A segunda estratégia também está inspirada na neve. Deve ser porque é uma fria entrar em dívidas! Numa avalanche, o movimento de uma pequena quantidade de neve que está suportando uma quantidade muito maior de neve acaba por trazer todo o volume da neve para baixo da montanha.

Aplicando este conceito para dívidas, a ideia é escolher qual dívida você deve mexer para acelerar a queda de todas as dívidas. Então, semelhante à estratégia “bola de neve”, inicialmente será um volume pequeno de dívida quitada que fará com que a estratégia “avalanche” consiga derrubar toda a dívida.

A diferença entre as duas estratégias é que na estratégia “avalanche” a escolha de onde começar é na dívida com maiores taxas de juros e não no menor valor. No exemplo apresentado acima, a dívida com os maiores juros é de cartão de crédito no valor de R$8.000. Então você irá pagar todas as três parcelas mensais de dívidas e além disto pagar um valor mensal adicional de R$300 no cartão de crédito.

 Semelhante a estratégia “bola de neve”, quando terminar de pagar o cartão de crédito, você irá dedicar o valor da parcela mais o valor adicional à segunda dívida com maiores taxas de juros. Neste caso, será a dívida do empréstimo pessoal. E finalmente, quando terminar de quitar o empréstimo pessoal, irá dedicar todos os valores para o financiamento do automóvel.

O resultado da estratégia “avalanche” pode ser visto em comparação com a abordagem tradicional de pagar a parcela mensal na tabela abaixo:

 A conclusão da estratégia “avalanche” é uma redução de 48 meses para 17 meses de dívida e uma economia de R$7.505,59!!!

Conclusão sobre sair das dívidas

Então, qual estratégia é melhor: “bola de neve” ou “avalanche”? Tem vantagens e desvantagens para ambas as estratégias. A estratégia “bola de neve” leva em consideração o impacto das nossas emoções na motivação.

Nesta estratégia você irá eliminar a primeira dívida mais rápido  e isto pode influenciar você positivamente a continuar pagando as dívidas. Um estudo publicado na Harvard Business Review chegou a esta conclusão.[1] A desvantagem desta estratégia é que você vai acabar pagando mais juros.

Em termos de eficiência matemática, a estratégia “avalanche” é a melhor escolha. Nesta estratégia você irá quitar a dívida total mais rápido e, portanto, pagará menos juros. A desvantagem desta estratégia é que ela não leva em consideração o quanto as emoções influenciam nossas decisões.

No exemplo apresentando acima, a estratégia “avalanche” demorou dois meses a mais para quitar a primeira dívida (9 meses ou invés de 7 meses). Mesmo assim, na estratégia “avalanche” as dívidas totais foram quitadas um mês antes do que na estratégia “bola de neve” (17 meses ao invés de 18 meses). A estratégia “avalanche” também economizou um adicional de R$1.908,91 em juros quando comparado com a estratégia “bola de neve”. 

Ambas as estratégias apresentadas neste artigo são melhores do que simplesmente continuar pagando a parcela mensal até quitar as dívidas.

Embora ambas as opções consideram você acrescentar um valor adicional mensal para implementar a estratégia, o ponto é que uma estratégia para lidar com as dívidas é melhor do que pagar as dívidas no automático.

Agora, entre as duas opções, você deve escolher a que você acha mais provável de te manter motivado até quitar todas as dívidas. Se começar a ver progresso é importante para você permanecer motivado, então a melhor opção é a estratégia “bola de neve”.

Se saber que você está pagando o menor valor possível em juros vai te motivar mais, então a melhor opção é a estratégia “avalanche”.

Então, qual estratégia você escolhe? Ou vai continuar na inércia?

Não fique no escuro. Saiba como lidar com os seus recursos acessando conteúdos de Educação Financeira.

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