Propósito e significado eternos às finanças pessoais
Falar a respeito de nossas finanças pessoais é reconhecidamente um tema complexo, pois envolve falar de dinheiro e de sua influência sobre os nossos hábitos, anseios e temores. De fato, a nossa relação com o dinheiro tem a incrível capacidade de revelar traços de nosso caráter e, mais, de forma clara e muitas vezes surpreendente, informar a respeito de nossa relação com Deus, o Criador de todas as coisas, e a quem todas as coisas pertencem (Sl 24.1). Quando nos dispomos a falar sobre dinheiro, e sobre o lugar que ele ocupa em nossa vida, naturalmente nos expomos a alguma vulnerabilidade. Isso porque o dinheiro está relacionado a aspectos muito mais íntimos de nossa existência. Ele está diretamente conectado às questões do coração, entendendo o coração humano como sendo a essência do que somos, englobando mente, afeições e vontade. O rei Salomão, com toda sabedoria, nos exorta: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4.23). Talvez daí surja a dificuldade em torno do tema, pois a nossa relação com o dinheiro pode ser bastante reveladora em relação às nossas paixões, prioridades e motivações. E o nosso comportamento sempre seguirá à risca o que as nossas crenças e visão de mundo nos indicam. Experiências traumáticas e frustrações podem se refletir de formas variadas quando lidamos com dinheiro. Por exemplo, gastos compulsivos podem ser a válvula de escape para o esforço de superar carências ou para manter as aparências de que tudo vai bem. Ou por outro lado, o medo de um futuro incerto, ou o desejo (e a ilusão) de se controlar o incontrolável, podem resultar na mesquinhez de quem acredita que “poupar” cada centavo será a solução para todas as dúvidas que o futuro possa trazer. Em ambos os casos, fica clara a necessidade urgente de um entendimento verdadeiro e bíblico sobre o papel do dinheiro em nossa vida. A influência negativa que o dinheiro pode causar sobre o coração humano não é exclusividade dos nossos dias. Já nos tempos antigos, Jesus nos alerta sobre o perigo de tentar servir a dois senhores, a Deus e a Mamom (Mt 6.24). Da mesma forma, o apóstolo Paulo ressalta que o amor ao dinheiro é a raiz de todo mal, ao ponto de levar pessoas a se desviarem da fé (1Tm 6.10). Essa é a dinâmica nefasta, engendrada pelo inimigo, para que através das falsas promessas baseadas naquilo que o dinheiro pode oferecer, o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus tenha sua identidade distorcida e deturpada. A busca por controle, influência e status, entremeada por vergonha e culpa, e muitas vezes sustentada por injustiça e exploração, descreve um padrão de comportamento dominado pelo amor ao dinheiro. Comportamento esse que pode assumir diferentes formas, desde as mais sutis e politicamente corretas até as mais reprováveis sob a ótica do amor ao próximo e justiça social. Finanças pessoais com propósito e significado eternos Mas como nos manter livres e seguros desta estratégia maligna que rege o comportamento e os costumes deste mundo? Certamente uma transformação em nosso modo de pensar e entender o dinheiro se faz necessária, para que experimentemos a boa, agradável e perfeita vontade de Deus em torno de um tema tão central em nossas vidas. A aplicação prática de princípios de mordomia cristã por meio da elaboração e execução do planejamento financeiro pessoal nos permite desenvolver uma perspectiva renovada sobre o uso do dinheiro que nos leve a expandir os nossos círculos de compaixão e generosidade. Esse é o ponto de partida para que as conversas sobre as nossas finanças pessoais sejam permeadas de propósito e significado eternos, e não mais por medo, orgulho ou mesmo vergonha! Uma reflexão mais profunda sobre o papel do dinheiro, que esteja alinhada aos princípios da mordomia cristã, contribui para a definição de planos e projetos pessoais que honram a Deus em sua essência. Não há nada que nos encoraje mais em relação ao uso de nossos recursos do que colocar à disposição do Senhor os recursos que são do Senhor para a realização dos propósitos do Senhor em nossas vidas. Essa é a aplicação prática do conceito de mordomia cristã. O estabelecimento de projetos e objetivos no contexto da mordomia cristã tem a capacidade de lançar fora o medo e promover segurança e tranquilidade na condução das nossas finanças. Essa prática nos leva a um lugar de dependência do Senhor para a realização dos projetos que são dEle, e para os quais Ele mesmo alocará a porção exata dos seus recursos infinitos, necessários para sua realização. Outro benefício de uma vida bem planejada é a melhor utilização dos recursos sob a nossa responsabilidade, sem desperdícios ou ausência de propósito definido. Lançar mão de um orçamento bem ajustado que nos dê referência para os gastos no presente e no futuro, é uma das práticas mais efetivas no exercício diário da boa governança financeira, servindo de proteção ao nosso coração contra as investidas insidiosas do inimigo. A transformação radical em suas finanças pessoais promovida por uma visão redentora a respeito do dinheiro será efetivamente percebida quando o exercício da generosidade for inserido de forma intencional e planejada em nosso orçamento. Uma vida financeira bem planejada potencializa a nossa capacidade doadora, e nos reposiciona estrategicamente como instrumentos úteis a serviço do Reino para impactar e fazer avançar a causa de Cristo em nosso tempo. A Bridgen pode te auxiliar nessa jornada. Fale conosco. Fabio Marques, CFP® é casado com Alessandra, pai de quatro filhos e sócio fundador da Bridgen Planejamento Financeiro. Acredita no poder transformador do planejamento de vida que, a partir de uma renovada abordagem das finanças pessoais, é capaz de pavimentar o caminho rumo a uma vida plena e abençoadora. Artigo originalmente publicado na Revista Ultimato.
O SUFICIENTE: Como dosar vida e dinheiro
Você já se perguntou sobre como dosar vida e dinheiro? Se perguntou ou se pergunta sobre o quê ou quanto é suficiente? Vamos fazer uma reflexão sobre isso. Continue a leitura! Quem nunca gastou tempo ou dinheiro de forma desproporcional num novo serviço, produto, alimento, relacionamento, etc.? Talvez tenha até ouvido de alguém preocupado o provérbio: A diferença entre o remédio e o veneno é a dose[1]. Muito provavelmente você também lembra que o serviço virou comum, o produto saiu de linha, o alimento parou de dar água na boca e, infelizmente, muitas vezes o relacionamento foi perdendo a sua importância. Parece que, desde pequenos, somos doutrinados a pensar que “mais é melhor”. Mas as experiências da vida, como as citadas acima, nos lembram que mais tem um limite e que muitas vezes nos faltam referências para sabermos quando o mais está se tornando demais. A verdade é que algumas vezes só percebemos que passamos do limite quando começa a chegar à conta: tempo e dinheiro desperdiçado, perdas na saúde física, intelectual e emocional, corrosão das relações sociais, etc. O dinheiro nas nossas vidas talvez seja o que mais se submete a este ensinamento, “mais é melhor”. Aliás, muitas vezes tentamos resolver a conta acima com mais dinheiro: compramos o tempo de outros, repomos o dinheiro desperdiçado, pagamos por bons tratamentos de saúde física, intelectual e emocional e algumas vezes até criamos relações sociais com nosso dinheiro. Mas invariavelmente, em algum momento, a conta não fecha! Veja o que Eduardo Giannetti tem a dizer sobre esta busca constante por mais: “O ideal moderno de vida – a ambição de ganhar e consumir sempre mais, ao passo que se permanece indefinidamente jovem, esbelto e distraído – não se sustenta…O fato simples é que, se o critério de sucesso (ou o sentido) de nossa existência for definido segundo esse ideal, então a vida humana nunca poderá ser mais que uma batalha vã, perdida antes mesmo do seu início.”[2] No livro A Vida ou o Dinheiro, Vick Robin argumenta que mais dinheiro em nossas vidas é bom até um ponto. No decorrer das nossas vidas, normalmente o nosso poder aquisitivo vai aumentando e passamos de uma fase de sobrevivência para conforto e eventualmente um certo luxo. Mas existe um momento em que a satisfação de gastar mais dinheiro é menor do que o custo de vida que desembolsamos para adquirir, fazer gestão e poupar ou gastar o valor adicional. A autora chama este momento de o ponto de suficiência e pode ser representado pelo gráfico abaixo. Então vemos que o dinheiro pode ser um bom remédio, mas que precisamos acertar a dose para não se tornar um veneno em nossas vidas. Esquecemos que mais tem um preço! Quando sonhamos sobre ser mais ou ter mais, imaginamos os benefícios, mas raramente pensamos sobre o custo de vida. Em sua obra clássica sobre economia, WALDEN, o autor Thoreau faz o seguinte comentário sobre este preço: “Afinal, o preço de uma coisa é a quantia, à vista ou a prazo, do que chamarei de vida que é exigida em troca.”[3] O quanto é o suficiente? O suficiente para sobrevivermos, termos conforto e até um certo luxo, sem escassez e sem desperdício. Para responder o quanto é o suficiente, creio que vale a pena entendermos a origem da palavra suficiência. Digo isto porque a maioria das pessoas não se empolgam quando eu digo que é possível terem o suficiente. O olhar mais comum é de uma certa decepção. A crítica é que buscar O SUFICIENTE seja aceitar o cômodo, ao invés de buscar o crescimento. É fazer a régua por baixo. Como dosar vida e dinheiro A origem da palavra suficiente vem da palavra no latim SUFFICERE que é formada por duas palavras: SUB, “para cima” + FACERE, “fazer”. Então ter o suficiente é definir o que você quer ser ou fazer e depois fazer a régua por cima. Neste sentido, a verdadeira liberdade sobre como dosar vida e dinheiro é ter o suficiente! É a capacidade de ser quem você quer ser e fazer o que você quer fazer sem ter que pagar a conta associada com o demais. É viver no pico da curva da suficiência. Então, como descobrir o quanto é o suficiente para você? Deixo aqui quatro passos importantes que você precisa tomar e também uma fórmula que eu uso para avaliar quão perto eu estou vivendo do pico da curva da suficiência. Primeiro, os quatro passos: Tenha claro para você o seu propósito maior de vida e seus objetivos; Busque conhecimento e então coloque em prática uma gestão financeira do dinheiro que entra e sai da sua vida; Crie uma referência interna de valor para avaliar o que vale e o que não vale desembolsar tempo de sua vida para ser ou ter; Desenvolva um senso de responsabilidade pelo bem dos outros para transformar o que seria seu desperdício na suficiência de outros. Provavelmente você está respirando fundo agora, pensando que estes quatro passos são mais pulos do que passos! Mas descobrir o quanto é o suficiente é uma jornada com linhas de chegada e ajustes no dia a dia. Eu gosto de usar esta fórmula para manter o meu foco no que é suficiente para minha vida: Ron Blue, autor e planejador financeiro, compartilha que não importa qual estágio da vida você está. Responder à pergunta “Quanto é o suficiente?” vai te trazer mais liberdade para dizer “sim” para as coisas que estão alinhadas com seu propósito de vida e seus objetivos de vida e também a dizer “não” para as distrações de “mais é melhor”. Assim, você saberá como dosar vida e dinheiro. [4] Se você ainda não começou esta jornada, eu quero te incentivar a descobrir a LIBERDADE DE TER O SUFICIENTE! Saiba como dosar vida e dinheiro. [1] Adaptação do texto original de Paracelso, “Alle Ding sind Gift und nichts ohn’ Gift; allein die Dosis macht, das ein Ding kein Gift ist.” (Todas as coisas são venenos e nada é sem veneno; a dose sozinha torna uma
3 lições de Finanças Pessoais que todo pai/mãe deveria ensinar aos filhos
3 Lições de Finanças pessoais para crianças, adolescentes, adultos. Hoje, vamos falar sobre um tema extremamente importante na educação dos filhos: lidar com Finanças Pessoais. E a partir desse entendimento, vamos tratar aqui de 03 lições de finanças pessoais que todo pai/mãe deveria ensinar aos filhos. Brasil é o 4° pior resultado em educação financeira para adolescentes Se você não está ensinando seus filhos sobre finanças pessoais, muito provavelmente eles têm conhecimento abaixo da média em assuntos relacionados a dinheiro. Isto é a conclusão da última pesquisa realizada pela OECD, Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.[1] Adolescentes que aprendem sobre finanças com os pais pontuaram 27 pontos a mais do que adolescentes que não aprendem com os pais. Como comparação os adolescentes que aprendem sobre finanças pela internet pontuaram 10 pontos melhores do que os adolescentes que não aprendem sobre finanças pela internet. Então os nossos filhos precisam aprender sobre finanças em casa do mesmo jeito que nossa geração aprendeu sobre finanças em casa, certo? Só que não! A grande maioria das famílias brasileiras com filhos adolescentes tem pais que só foram aprender sobre finanças pessoais na juventude ou na fase adulta.[2] Então somos pais que sabem a importância de ensinar os filhos sobre finanças pessoais, mas não tivemos modelos de como fazer esta transferência de conhecimento. Talvez isto explique porque o Brasil foi ranqueado como décimo sétimo em educação financeira, dos vinte países avaliados na pesquisa PISA. Quais lições sobre dinheiro são importantes passarmos para os nossos filhos? Segue abaixo uma lista de três ensinamentos que colocados em prática podem dar uma grande vantagem para os nossos adolescentes, a próxima geração de brasileiros adultos. 03 Lições de finanças pessoais para ensinar aos filhos Lição 1: 70% é muito mais do que nada. O primeiro dinheiro que um adolescente recebe sem ser para uma despesa específica é sempre marcante. Muitas vezes este primeiro dinheiro chegou na forma de um presente de aniversário, alguma tarefa extra que foi feita ou uma mesada. Ao receber este dinheiro, a tentação de gastar cada centavo é quase que irresistível e qualquer sugestão de frear este gasto provavelmente será confrontada com um brado de independência! No limiar entre não ter dinheiro algum e de repente receber algum valor existe uma lição muito importante sobre finanças. A resposta mais comum para qualquer sugestão de poupar é quase que uma frustação, embora talvez o adolescente mais maduro acate a sugestão por compreender que é sábio poupar. Se os pais não tomarem cuidado, vão permitir que o filho(a) alimente um sentimento de limitação quando a verdade é exatamente o contrário. Perceba que, antes de receber este dinheiro, o adolescente não tinha nada e agora, por mais que ele(a) separe uma parte para o futuro, terá infinitamente mais do que antes. Este infinitamente mais do que antes é que deve guiar a resposta sentimental do adolescente. O dinheiro não trouxe limitação, trouxe um pouco de autonomia hoje e, quando bem investido, trará um pouco de autonomia no futuro. Vamos para um exemplo prático. Imagine que até então o adolescente não tem dinheiro e não recebe mesada. No mês seguinte o adolescente passa a receber R$100 de mesada, mas é incentivado a separar 30% para investir, porque se ele(a) criar este hábito em mais ou menos vinte anos consegue viver do rendimento. Qual é a real situação do adolescente? O adolescente tem R$100, mas sente uma certa frustração porque só pode gastar R$70 e fica imaginando o que compraria com mais R$30. O adolescente não tinha nada, mas agora os R$70 deram a ele(a) um sentimento de autonomia e ainda terá o rendimento dos R$30 para gastar em algum momento futuro. Esta primeira lição utiliza de um conceito em economia comportamental chamada enquadramento (framing). Você já sacou que não é só 70% que é muito mais do que nada? Quanto os pais vão incentivar os filhos a poupar fica à critério de cada família, mas aprender a poupar sem o sentimento de restrição é uma lição para toda a vida. Lição 2: O dinheiro é prata e o tempo vale ouro.[3] A relação entre tempo e dinheiro é algo realmente fascinante de se observar. Há exceções, mas, de forma geral, a percepção do adolescente é que o tempo sobra e o dinheiro pessoal é escasso. Devido a esta percepção de disparidade tão grande entre tempo e dinheiro, o adolescente tende a desvalorizar o tempo e supervalorizar o dinheiro. A relação inversa entre tempo e dinheiro parece ser confirmada no outro extremo da vida, a velhice. Por isto que, embora não seja possível, tantas pessoas ofereceriam uma boa fortuna por mais alguns dias de vida. A possível desvalorização do tempo no início da vida pode criar uma âncora, impactando negativamente decisões entre tempo e dinheiro nas outras fases da vida. A lição importante para o adolescente é saber que, na coletividade, a tendência é valorizar o dinheiro e desvalorizar o tempo do indivíduo. Nesta dinâmica de tempo e dinheiro, sai na vantagem o indivíduo que consegue valorizar mais seu tempo em detrimento do dinheiro do outro. A responsabilidade de definir o valor do seu tempo cabe ao indivíduo, e ele(a) precisa ter disposição de dizer ‘não’ na esperança de uma oportunidade melhor surgir da coletividade. Eduardo Giannetti, economista brasileiro, nos lembra da importância que o indivíduo tem na valorização do seu próprio tempo: “…o tempo, ao contrário do dinheiro, não é um ativo transferível… é um ativo valioso mas indissociável da pessoa que o detém.”[4] Esta segunda lição depende de dois conceitos da economia comportamental: ancoragem e custo de oportunidade. Os pais têm um papel importante de ajudar seus adolescentes a valorizarem seu tempo, posicionando seus filhos para negociarem melhor a troca de tempo e dinheiro no futuro. Além disto, de alguma forma é necessário imbuir nos filhos algum entendimento de que o tempo também é limitado e que não pode ser poupado ou capitalizado. Portanto, o bom uso do tempo numa atividade é melhor avaliado em comparação com os usos
Dívidas: Como sair desta fria?
Está preocupado com as dívidas? E que tal se preparar para sair desta fria? Primeiro, vamos entender o contexto das dívidas e como você foi parar nele ou está a caminho. Continue a leitura! A real. Sabe aquele desânimo que surge quando você se dá conta de que está começando o ano já endividado? A dívida é uma realidade do cotidiano da maioria das famílias brasileiras. O comportamento de consumo do brasileiro demonstra que grande parte das famílias abre a porta da frente para convidar o hóspede “dívidas” para dentro de casa. De acordo com a pesquisa da OECD em 2021, o brasileiro acumulou em dívidas um valor real que representa por volta de 52% de sua renda anual. É claro que o endividamento não é exclusividade do brasileiro, mas presente em quase todos, senão em todos, os povos. Por exemplo, neste mesmo estudo da OECD, consta que na Suíça a dívida acumulada do cidadão chega a representar mais de 220% de sua renda anual! Me engana que eu gosto!!! Você está endividado e ao terminar de ler este primeiro parágrafo ficou mais tranquilo, porque chegou à conclusão ERRADA de que sua situação não está pior do que a do seu xará lá na Suíça. Por que esta conclusão está tão errada? Falta uma informação muito importante no contexto do primeiro parágrafo que é a seguinte: quando o brasileiro abre a porta da frente para as dívidas, as dívidas entram de mãos dadas com outros visitantes não convidados, os JUROS ALTOS! Na questão de juros, o Brasil está numa categoria bem diferente da Suíça. Enquanto a Suíça tem a menor taxa de juros em empréstimos do mundo, o Brasil tem a quarta maior taxa de juros do mundo!!! De acordo com o Banco Mundial, os juros no Brasil em 2020 foram de 29,04%. A urgência? A dívida sempre é uma hipoteca do futuro! A dívida exige de você tempo e recursos, hoje e amanhã. A pandemia do COVID-19 nos mostrou quão frágil é a situação quando você não tem uma reserva. De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, em dezembro de 2021 o Brasil chegou a 76,3% das famílias endividadas. O ano de 2021 registrou o maior patamar dos últimos 11 anos. Você faz parte desta estatística? Retomando o futuro! O que acha de eliminar as dívidas da sua vida e espantar o desânimo para longe de sua casa? Em seguida, vou apresentar um cenário normal de pagamento mensal de parcelas e comparar com duas estratégias testadas e comprovadas para eliminar dívidas: “bola de neve” e “avalanche”. Estratégias para eliminar as dívidas e sair desta fria Vamos para um exemplo! Imagine que você está com três dívidas conforme tabela abaixo: Incomoda pensar que no final de quatro anos você terá pago quase R$19 mil só de juros? E se você conseguisse reduzir o tempo de endividamento de 48 meses para 17 meses e de R$19.000 para R$11.000, te interessa? O poder da estratégia!!! As duas estratégias de eliminar dívidas a seguir são muito simples de implementar. O maior desafio é a disciplina de seguir a metodologia até a conclusão. A boa notícia é que a conclusão será bem antes dos 48 meses que irá demorar se você seguir o tradicional pagamento mensal de parcela. Existem basicamente quatro passos a serem seguidos para implementar tanto a estratégia “bola de neve” como a estratégia “avalanche”. Os quatro passos são: Pague a parcela mensal de cada dívida. Defina um valor mensal adicional para dívidas. Faça a priorização das dívidas. Use dinheiro de dívidas para dívidas. Agora vamos entender como estes passos são aplicados nas duas estratégias recomendadas. Bola de Neve Este nome surge no EUA, inspirado na prática de fazer bolas de neve. Na neve você começa com uma pequena bola e na medida que vai rolando a bola, ela vai acumulando mais neve e ficando cada vez maior. No pagamento de dívidas, a ideia é que você começa com um valor pequeno para quitar dívidas e, na medida que vai quitando as dívidas, o valor disponível para aplicar na próxima dívida aumenta. Neste caso, a “bola de neve” é o valor que você tem disponível para aplicar em dívidas. Aplicando esta técnica para as dívidas, a ideia é que você escolha primeiro a menor dívida. No nosso exemplo acima, seria o empréstimo pessoal no valor de R$4.500. Então você irá pagar todas as três parcelas mensais de dívidas e, além disto, pagar um valor mensal adicional de R$300 no empréstimo pessoal. Quando terminar de pagar o empréstimo pessoal, você irá aplicar o valor da parcela mensal do empréstimo pessoal mais o valor mensal adicional à próxima menor dívida, assim aumentando o valor (bola de neve) que você tem disponível para aplicar em dívidas. No exemplo acima, a próxima menor dívida será a dívida de cartão de crédito. Então você passará a pagar a parcela mensal do cartão de crédito mais a sua “bola de neve”. Finalmente, após quitar a dívida do cartão de crédito, você irá aplicar todos os valores em cima do financiamento do carro. Então você passará a pagar a parcela mensal do carro mais a sua bola de neve que cresceu ainda mais com os valores do empréstimo pessoal, cartão de crédito e valor mensal adicional. O resultado desta estratégia pode ser visto em comparação com a abordagem tradicional de pagar a parcela mensal na tabela abaixo: A conclusão da estratégia “bola de neve” é uma redução de 48 meses para 18 meses de dívida e uma economia de R$5.596,68!!! Avalanche A segunda estratégia também está inspirada na neve. Deve ser porque é uma fria entrar em dívidas! Numa avalanche, o movimento de uma pequena quantidade de neve que está suportando uma quantidade muito maior de neve acaba por trazer todo o volume da neve para baixo da montanha. Aplicando este conceito para dívidas, a ideia é escolher qual dívida você deve mexer para acelerar a queda de todas as dívidas. Então, semelhante à estratégia “bola de neve”, inicialmente será um volume pequeno de dívida quitada que fará com que a estratégia “avalanche” consiga derrubar toda a dívida.
Planejamento Financeiro em Tempos de Crise
Planejamento Financeiro em Tempos de Crise. Como é difícil falar sobre dinheiro! Ainda mais em tempos de crise. Falar a respeito de dinheiro nunca foi fácil, ainda mais em tempos de crise como a que atravessamos neste exato momento. Numa pesquisa realizada nos Estados Unidos[1], quando perguntadas sobre qual tema do dia-a-dia tinham maior dificuldade para conversar, 44% das pessoas entrevistadas responderam “finanças pessoais”! Outros temas como morte, política e religião registraram percentuais inferiores deixando claro que o tema “dinheiro” merece uma atenção especial. O fato é que o dinheiro está relacionado a aspectos muito mais íntimos de nossa existência. Podemos dizer que o dinheiro está diretamente relacionado às questões do coração, entendendo o coração humano como sendo a essência do que somos, englobando mente, afeições e vontade. Talvez daí surja a dificuldade natural em torno do tema, pois a nossa relação com o dinheiro pode ser bastante reveladora em relação às nossas paixões, prioridades, motivações. Experiências passadas, traumas e frustrações podem se refletir de formas variadas quando lidamos com dinheiro. Gastos compulsivos, no intento de superar carências ou de manter as aparências de que tudo vai bem. Ou o medo de um futuro incerto, ou o desejo (e a ilusão) de se controlar o incontrolável, que leva à mesquinhez de quem acredita que “poupar” cada centavo será a solução para todas as dúvidas que o futuro pode trazer. Tempos de crise tornam ainda mais agudo o desconforto emocional causado pela incerteza, insegurança e medo em torno de tudo aquilo que a nossa condição financeira pode representar. Como reagir a essa potencial pressão e onde encontrar um porto seguro, critérios sólidos e bem fundamentados para as nossas decisões financeiras? Vou usar uma comparação entre o termômetro e o termostato para ilustrar o que acredito ser um primeiro passo importante para nos posicionarmos diante dos desafios que os tempos de crise impõem. Veja que o termômetro é um instrumento caracterizado pela sua passividade. Para que ele informe a temperatura, basta que ele repouse inerte e assim teremos as medidas de frio ou calor no ambiente. Ele também acompanhará qualquer alteração da temperatura no local. Diferentemente, o termostato é o instrumento que nos permite definir a temperatura. Sua função é imprescindível para diversas atividades, desde experimentos químicos complexos (incluindo os gastronômicos) até a manutenção de uma temperatura agradável da sala de espera de um consultório médico numa tarde de verão. A questão sobre aceitar passivamente as influências externas ou posicionar-se frente a elas, de forma intencional, é central para encararmos os desafios impostos pela crise a partir da compreensão sobre o que está sob o nosso controle e o que não está. Vale a pena, portanto, listar princípios básicos da boa gestão e planejamento financeiro que, se praticados diligentemente, resultarão numa base sólida e duradoura para sua vida financeira. Tais princípios reduzirão significativamente a incerteza e o medo atrelados à volatilidade tão comum nos momentos de crise e solavancos econômicos, pois lhe permitirão tomar as rédeas de sua vida financeira e reorientá-la com base em seus valores e propósito de vida. Princípios básicos do Planejamento Financeiro para tempos de crise O primeiro princípio básico é gastar menos do que você recebe. Pode parecer irritantemente óbvio, mas posso lhe assegurar que esse é o desvio de comportamento financeiro mais comum verificado entre as famílias que buscam auxílio de um profissional de planejamento financeiro. O descompasso crônico entre receitas e despesas conduz inevitavelmente a uma situação de endividamento financeiro. Este é o segundo princípio básico da boa gestão financeira: evite dívidas. O sábio rei Salomão alerta para o perigo das dívidas, comparando o devedor a um escravo: “Assim como o rico domina sobre o pobre, quem toma emprestado se torna servo de quem empresta” (Provérbios 22:7). Em terceiro lugar, mantenha uma reserva de liquidez. Veja que a constituição de uma reserva financeira só será possível se você for capaz de gerar margem, ou seja, gastar menos do que recebe. É recomendável que este recurso seja mantido em investimentos de alta liquidez. Rentabilidade é importante, mas para esse propósito específico é fundamental que os recursos sejam facilmente disponibilizados mediante eventuais necessidades. Também é fundamental que você estabeleça os seus objetivos de longo prazo. Quais são as suas “linhas de chegada”? Estabelecer, formalizar e alocar esses objetivos na linha do tempo definirá o ritmo de sua vida financeira e trará clareza e segurança para suas decisões em momentos de crise. Esse é um dos papéis fundamentais de um planejador financeiro pessoal, que poderá auxiliá-lo na estruturação deste projeto de vida. E por fim, mas não menos importante, cultive a prática de generosidade. Inclua, de forma intencional, esse tema tão relevante em sua agenda financeira. A crise é real e afeta a todos nós, mas o exercício da generosidade não é exclusividade dos mais abastados, e definitivamente não se limita a aspectos financeiros. Nós, da Bridgen Financial Planning, promovemos uma nova abordagem para o planejamento financeiro pessoal, onde a prosperidade material é apenas um meio, e não um fim em si mesmo. Acreditamos que a nossa riqueza é multiplicada quando compartilhada intencionalmente com quem mais necessita, e que o planejamento financeiro é a ferramenta essencial para catalisar um círculo virtuoso de generosidade e impacto em nossa sociedade. Se você quiser saber mais a respeito dos benefícios do Planejamento Financeiro Pessoal, por favor entre em contato conosco pelo e-mail contato@bridgen.com.br. Será um prazer conhece-lo(a)! [1] Wells Fargo Financial Health Survey 2013
Estabelecendo as suas Linhas de Chegada
Estabelecendo as suas Linhas de Chegada O que as corridas de Fórmula 1 nos ensinam sobre o Planejamento de Vida Lembro-me como foi emocionante assistir ao último Grande Prêmio Brasil de F1 em novembro passado (2019)! Confesso que já fazia um bom tempo desde a última vez que me acomodei num sofá para acompanhar um Grande Prêmio de cabo a rabo. Acho que, como muita gente, acabei perdendo o interesse pela modalidade desde a trágica, súbita e precoce interrupção da carreira do nosso inesquecível Ayrton Senna, há 26 anos atrás. Aliás, um elemento adicional ao pacote GP Brasil em 2019 foram as várias homenagens prestadas ao nosso tricampeão e que trouxeram de volta à memória as manobras arrojadas, a técnica e ousadia nas pistas molhadas, as vitórias épicas… Quem não se emociona até hoje ao rever as cenas da vitória em Interlagos, em 1991, quando o Senna teve que conduzir o carro com apenas uma marcha nas últimas quatro voltas da corrida! Terminou a corrida exausto e quase não teve forças para erguer o troféu. Mas para quem venceu a prova como ele venceu, não cumprir o ritual da vitória e deixar de brindar o público no lugar mais alto do pódio não era uma opção! Ergueu o troféu como um herói e o seu gesto continua nos motivando e nos emocionando até hoje! E para falar em Linhas de Chegada no contexto do seu planejamento de vida, o cenário da Fórmula 1 me parecer ser um paralelo perfeito. Cruzar a linha de chegada e contemplar a bandeira quadriculada tremulando a sua frente é o grande objetivo de qualquer piloto! Não fosse por um objetivo claro, bem definido, pensado e planejado (cruzar a linha de chegada), todo o esforço e recursos envolvidos na preparação e na execução ao longo da corrida não fariam qualquer sentido. Na F1 – Fórmula 1 isso é muito claro, mas em nosso contexto de vida e planejamento financeiro a definição de objetivos, ou das Linhas de Chegada, pode não ser tão simples assim. Como pensar em Linhas de Chegada, em objetivos claros e específicos relacionados à nossa qualidade de vida e à nossa capacidade de acumulação de patrimônio financeiro e não financeiro, se vivemos num mundo que nos pressiona incessantemente para o consumo desenfreado onde o céu é o limite (“go infinity, and beyond!”)? E assim as Linhas de Chegada parecem se mover para lugares cada vez mais distantes e inatingíveis, ao sabor dos modismos e das últimas tendências impostas pela mentalidade do TER em detrimento do SER. Pois bem, mais uma vez o convite para a reflexão do papel do dinheiro em nossas vidas é inevitável. E a pergunta central e por vezes incômoda é “o quanto é suficiente?”. O estabelecimento das nossas Linhas de Chegada sugere uma conversa franca e honesta sobre o quanto julgamos ser suficiente para a manutenção ou atingimento de patamares desejáveis de qualidade de vida. Obviamente, essa não é uma ciência exata, mas certamente nos fornece referências importantes para objetivos futuros a serem conquistados (lembra da bandeira quadriculada?). E como chegar às suas Linhas de Chegada? Voltando ao GP Brasil, ouvi dos comentaristas que esse foi disparado o GP mais emocionante da temporada! Quanta estratégia, trocas de pneus, alternância de posições e, no final o inesperado… a colisão entre as duas Ferraris! Fico imaginando a complexidade do planejamento para cada corrida: quais os pneus ideais para cada momento da prova; quantas paradas nos boxes; quanto combustível… E a equipe de apoio? Quem é responsável pelo quê? Quais os sistemas de telemetria… E se… chover? Estourar um pneu? Como fica a segurança do piloto? Tudo isso e muito mais para garantir que o objetivo final seja alcançado (olha a bandeira quadriculada aí de novo!). Assim é o verdadeiro planejamento financeiro pessoal, que além de auxiliar na definição dos objetivos de vida (Linhas de Chegada), se preocupa em desenhar a estratégia adequada para que a jornada seja concluída com sucesso, a despeito dos eventos inesperados e acidentes de percurso, uma vez que estes terão seus efeitos minimizados por uma boa e responsável gestão de riscos. Aposentadoria, a compra de um imóvel, a troca do carro, a educação dos filhos… Como quantificar objetivos como esses, e como definir estratégias que vão desde uma gestão responsável e intencional do orçamento, alocação de recursos em modalidades de investimentos financeiros alinhadas e coerentes com os objetivos estabelecidos e a formatação de um portfólio de seguros que garanta a tranquilidade e segurança diante das incertezas da vida? A resposta não é trivial, e certamente demanda não apenas competência técnica, mas também uma relação de confiança mútua e alinhamento de princípios e valores entre o profissional de planejamento financeiro e o cliente. Gostaria de encorajá-los a refletir sobre as suas Linhas de Chegada, sob a perspectiva dos princípios bíblicos de mordomia cristã e generosidade (“o quanto é suficiente?”). Lembrando da importância do planejamento financeiro frente às surpresas e incertezas ao longo da jornada. Pois assim é a vida… tão dinâmica, mas ao mesmo tempo tão bela e preciosa para não ser vivida e celebrada intensamente a cada minuto. Que seja assim então, bem planejada, repleta de propósito e significado eternos! Se quiser conversar mais a respeito, por favor não deixe de entrar em contato pelo e-mail contato@bridgen.com.br. Esperamos por você!