Dinheiro é benção ou maldição? Você decide!
Dinheiro é benção ou maldição? Você decide! – Artigo originalmente publicado na revista Ultimato. O tema dinheiro e posses é tratado por Jesus em dezesseis das dezoito parábolas que estão apresentadas nos evangelhos. Em toda a Bíblia, temos mais de 2.350 versículos abordando estes temas. Uma das parábolas mais conhecidas é a dos talentos (Mt 25.14-30). É a história de três servos que receberam respectivamente cinco, dois e um talentos (um talento equivalia entre trinta e trinta e cinco quilos de prata, por volta de R$120.000,00 nos dias de hoje). A parábola relata que os dois servos com mais talentos aplicaram o dinheiro, dobrando os recursos a eles confiados. Já o outro servo, temendo perder o dinheiro de seu senhor, enterrou o talento conforme a lei rabínica à época. Esta parábola nos mostra uma abordagem diligente sobre o uso dos recursos financeiros que nos são confiados. Aborda a astúcia de dois servos que, numa visão empreendedora de geração de riqueza, multiplicaram o dinheiro de seu senhor, contrastando com o medo paralisante do outro servo que enterrou os talentos a ele confiados, devolvendo exatamente o mesmo valor ao seu senhor. O fato é que os servos diligentes foram recompensados com muito. Já o servo negligente foi punido e tudo lhe foi tirado. Ao contrário do ensinado por Jesus, hoje ainda é exaltada uma ética na qual o lucro financeiro é suspeito, e o empreendedorismo é visto com um viés de ganância e desagrado. Porém, a história apresenta um significado ético facilmente perceptível, e lições que ajudam a compreender qual é a responsabilidade do cristão na vida econômica, agindo como mordomo dos recursos a ele confiados pelo Senhor. Percebemos que, em uma visão simples, investir e obter lucro não é imoral ou contrário aos ensinamentos bíblicos, pois os servos diligentes foram recompensados. Também vemos que o mestre inverte o entendimento da lei rabínica, pois considerou que o fato de enterrar o talento causou prejuízo ao seu senhor. E, por fim, Deus nos orienta a utilizar nossos talentos para fins produtivos. A parábola enfatiza a ação empreendedora e a criatividade, e condena a preguiça ou inércia. Assim, quando o lucro consciente é um dos objetivos a serem alcançados pelo uso do talento empresarial, isso não configura ganância. É apenas o uso apropriado do talento e a capacidade de geração de riqueza que nos é dada por sermos imagem e semelhança de Deus (Gn 1:27). Os recursos (financeiros ou não) que cada um de nós temos não são essencialmente injustos. Todos nós temos a responsabilidade de empregar as capacidades e habilidades das quais fomos dotados, fazendo parte da criação, co-criando com o Senhor e gerando riqueza. E o mais importante, esta parábola indica que a inatividade ou o desperdício do talento empreendedor é algo que não agrada a Deus. Sobre o olhar da macroeconomia, os oito talentos iniciais se transformaram em quinze. Assim, não é a história de um jogo onde o ganho de um ocorre às custas do outro. Há a multiplicação do recurso pelo investimento correto e sensato. A economia depende fortemente do empreendedorismo, do investimento, da consciente tomada de risco e da expansão da riqueza em um movimento de prosperidade. Deveríamos ser mais críticos quanto à maneira negativa como nossa cultura trata o empreendedorismo e o investimento. Pelo contrário, isso deve ser incentivado desde cedo. A parábola dos talentos sugere a superioridade moral da livre iniciativa, do investimento e do lucro, revelando que Jesus compreendia que o investimento direto nas atividades produtivas rende mais que a atividade financeira. Jesus também nos ensina que pessoas tem capacidades diferentes para as diversas atividades, porém a visão empreendedora e criativa merece ser recompensada e a inatividade condenada. Nos revela também que Jesus entendia que os maus e os preguiçosos frequentemente culpam os outros pelas suas próprias falhas, como fez o servo negligente justificando sua atitude pela severidade de seu senhor. E ainda, Jesus não atribui necessariamente bondade ao pobre e maldade ao rico, mas sim valorizou a mordomia apresentada pelos servos diligentes. E afinal: o dinheiro é benção ou maldição? Se o dinheiro é benção ou maldição em sua vida e de sua família, vai depender de como você vai lidar e se comportar em relação a esse recurso. Ficam aqui algumas reflexões a se fazer: 1- Quando você busca informações para apoiar a sua decisão de investimentos, você pensa nessas questões? 2- Quais os impactos desse investimento na vida de outras pessoas? 3- Com esse investimento, você está priorizando o lucro a qualquer preço ou está buscando um impacto mais profundo na criação (sociedade e meio ambiente)? 4- Este investimento é uma forma de expressar amor ao próximo? 5- Esse investimento agrega significado ao dinheiro? 6- Você está promovendo a geração de riqueza como co-criador ou é simples especulação financeira? Sejamos mordomos! Que sejam abençoadores dos recursos a nós confiados. Gustavo Ipolito é marido, pai, palestrante, empresário, CEO e fundador da GoldStreet Venture Capital, primeiro fundo venture capital baseado nos preceitos cristãos na América Latina. Conselheiro na organização The Justice Movement, mentor de empresários e um dos idealizadores do movimento NwC+ Networking Cristão voltado à empresários, empreendedores e investidores cristãos.